Presidente do INSS cogita fim do consignado para aposentados: “É melhor acabar”
O novo presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, sinalizou que pretende abrir um amplo debate sobre a continuidade da modalidade de empréstimo consignado para aposentados e pensionistas. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Waller foi direto ao afirmar que, diante do baixo retorno financeiro para o órgão e das constantes fraudes, “é melhor acabar” com o serviço.
“Pelo custo hoje, é melhor acabar. Para receber R$ 117 milhões por ano e ter toda hora dizendo que a fraude do consignado é do INSS? É melhor acabar. O INSS não faz parte dessa cadeia de empréstimo. O INSS não lucra”, declarou o presidente.
A fala ocorre em meio a uma crise institucional envolvendo o órgão. O INSS está no centro da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que identificou descontos fraudulentos em benefícios de aposentados e pensionistas. O rombo estimado ultrapassa R$ 6,3 bilhões desde 2019.
Waller revelou que o governo pretende solicitar à Justiça o bloqueio de R$ 2,5 bilhões em bens das associações envolvidas nas irregularidades. A intenção é pedir a venda antecipada dos ativos, com o objetivo de ressarcir as vítimas do esquema.
Ao assumir a presidência, Waller afirma que seu foco será o saneamento do INSS. Ele antecipou que fará uma revisão completa nos processos de concessão de benefícios. “A gente precisa olhar começo, meio e fim”, afirmou. Além disso, destacou que, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as futuras nomeações de coordenadores do órgão serão exclusivamente de técnicos, eliminando indicações políticas.
“Estamos comprando briga com Deus e o mundo. Quando você bloqueia consignado, bloqueia pagamento, a gente não está comprando briga pequena”, declarou Waller. Ele também deixou claro que o momento é propício para afastar qualquer gestor envolvido com irregularidades ou que tenha sido indicado por interesses alheios ao serviço público.
