Homem fica preso por 8 dias após ter dados usados por criminosos para ativar celular de vítima de homicídio na Bahia

Um erro judicial causou a prisão indevida de Iago de Andrade Oliveira, de 29 anos, que passou oito dias detido injustamente após ter seus dados pessoais utilizados para ativar o celular de uma vítima de homicídio, ocorrido em 31 de dezembro de 2024, no município de Ibicuí, no sul da Bahia.
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O mandado de prisão preventiva foi expedido pela Justiça de Santo Antônio de Jesus, cidade onde Iago mora e trabalha. Ele foi preso no dia 18 de junho, quando saía do trabalho, em um escritório de contabilidade, e só foi liberado após audiência de custódia realizada na última quinta-feira (26).
Abordagem traumática e hospitalização
“Fiquei sem entender, em choque. A forma como fui abordado foi um terror”, relatou Iago, que atua como auxiliar administrativo. Segundo ele, a prisão ocorreu em via pública, no centro da cidade, e foi acompanhada por diversas pessoas. “Foi bastante constrangedor. Na delegacia, passei mal e tive que ser hospitalizado”, contou.
De acordo com a advogada Manuela Santana, responsável pela defesa, o erro começou quando criminosos usaram indevidamente os dados de Iago para ativar o celular da vítima, encontrado em Foz do Iguaçu (PR) no dia 17 de janeiro de 2025, semanas após o crime. A Polícia Civil da Bahia, ao rastrear o aparelho, entendeu que Iago poderia estar envolvido e solicitou sua prisão.
“A polícia agiu com base em um dado falso. Ele nunca esteve em Foz do Iguaçu e nem teve contato com esse celular”, afirmou a advogada.
Provas da inocência
A defesa de Iago apresentou uma série de documentos que comprovaram sua inocência:
- Boletim de ocorrência já registrado anteriormente pela família, alertando sobre o uso fraudulento do CPF;
- Registros de ponto e documentação trabalhista, mostrando que ele cumpria expediente em Santo Antônio de Jesus no dia e horário da ativação do celular;
- Comprovações de que ele nunca esteve no Paraná, onde o celular foi ativado;
- Histórico de bom comportamento, residência fixa, emprego formal e nenhum antecedente criminal.
Com essas informações, a Justiça revogou o mandado de prisão, reconhecendo o erro.
Segundo a advogada, a família está considerando tomar medidas judiciais para buscar reparação moral e psicológica pelos danos causados. “Ontem mesmo ele ainda estava muito assustado. É preciso garantir que ele esteja seguro e não sofra novas consequências por esse erro”, disse.
A defesa também destacou a importância de ações mais rigorosas de checagem de informações durante investigações, para evitar que cidadãos inocentes sejam expostos a situações como a de Iago.
O caso serve de alerta sobre os riscos do uso indevido de dados pessoais e sobre a necessidade de revisões cuidadosas antes da emissão de ordens de prisão preventiva.