Carro popular mais barato? Governo estuda isenção de IPI para modelos sustentáveis
Nova proposta promete reduzir preços de modelos 1.0 como Fiat Mobi e Renault Kwid, mas enfrenta resistência dentro do setor e do Ministério da Fazenda

O governo federal deve anunciar em breve um conjunto de medidas que promete mudar o cenário do setor automotivo no Brasil. Entre as principais ações está a criação do chamado IPI Verde, um novo modelo de tributação que visa incentivar veículos mais limpos e eficientes, com redução ou isenção de impostos para modelos que emitam menos poluentes. Por outro lado, veículos mais poluentes podem ser penalizados com alíquotas maiores.
Em paralelo, o programa Carro Sustentável pode zerar o IPI de automóveis populares produzidos no Brasil, desde que cumpram requisitos de eficiência energética e baixa emissão de gases, especialmente os modelos 1.0 aspirados que emitem menos de 83g de CO₂ equivalente por quilômetro rodado.
Entre os modelos que devem ser beneficiados estão:
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Fiat Mobi
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Renault Kwid
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Hyundai HB20
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Volkswagen Polo Track
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Chevrolet Onix
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Citroën C3
A iniciativa busca aquecer as vendas no setor e fortalecer a indústria automotiva nacional até o final de 2026, quando está prevista a transição do IPI para um novo Imposto Seletivo, conforme aprovado na recente reforma tributária.
Resistência e dúvidas sobre impacto final
Apesar das expectativas, a medida não conta com apoio unânime dentro do setor automotivo. Algumas montadoras alegam que não possuem modelos que atendam aos critérios técnicos e temem prejuízos, caso haja aumento do IPI para os veículos fora do perfil sustentável como forma de compensar a renúncia fiscal.
Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem se posicionado com cautela diante da proposta, temendo impacto negativo na arrecadação federal. Por outro lado, setores técnicos argumentam que o crescimento da demanda pode compensar a renúncia com o aumento da arrecadação de outros tributos.
Preço final pode não cair para o consumidor
Embora o programa tenha potencial para reduzir o custo dos veículos populares, ainda não está claro se o governo exigirá o repasse da isenção para o consumidor final, como ocorreu em 2023 durante programa semelhante. Isso levanta dúvidas sobre o real impacto no bolso do comprador.
Outro desafio é o modelo de comercialização atual, onde a maior parte dos carros populares é vendida diretamente a locadoras e frotistas — o que pode limitar os efeitos da medida no mercado de varejo.
A minuta do projeto já está pronta e aguarda aval do Ministério da Fazenda para ser anunciada oficialmente. Se aprovada, a medida poderá representar um divisor de águas no setor automotivo brasileiro.