Terra pode ter dia mais curto já registrado nesta quarta (9/7); entenda

Cientistas alertaram que esta quarta-feira (9/7) pode ser o dia mais curto já registrado, devido a uma aceleração na rotação da Terra. Três datas deste verão no Hemisfério Norte (inverno no Hemisfério Sul) — 9 e 22 de julho, além de 5 de agosto — devem ser entre 1,3 e 1,51 milissegundos mais curtas que o habitual. A previsão é baseada em cálculos de Graham Jones, astrofísico da Universidade de Londres, que utilizou dados do Observatório Naval dos EUA e de serviços internacionais de monitoramento da rotação da Terra.
A Terra leva, em média, 24 horas — ou 86.400 segundos — para completar uma rotação completa. No entanto, esse tempo tem sofrido pequenas variações ao longo dos anos. A rotação do planeta tem se acelerado, tendência observada por cientistas por meio de relógios atômicos — equipamentos de altíssima precisão que medem o tempo com base nas vibrações de átomos.
Embora a causa exata ainda não seja conhecida, especialistas apontam possíveis fatores como mudanças atmosféricas, derretimento de geleiras, movimentações no núcleo terrestre e enfraquecimento do campo magnético.
O dia mais curto já registrado até agora foi em 5 de julho de 2024, quando a rotação da Terra foi concluída 1,66 milissegundos mais rápido que o habitual. Apesar de parecer insignificante, essa variação pode afetar sistemas de satélites, a precisão do GPS e até a forma como o tempo é contabilizado oficialmente.
A Terra nunca girou de forma absolutamente constante. Desde a década de 1970, variações mínimas no chamado “comprimento do dia” (LOD, na sigla em inglês) vêm sendo monitoradas. Mesmo mudanças de milissegundos podem causar falhas técnicas em sistemas financeiros, redes de telefonia e serviços de geolocalização.
Antes da aceleração atual, o planeta vinha reduzindo lentamente sua velocidade de rotação, em parte por conta da força gravitacional da Lua, que afeta a dinâmica do sistema Terra-Lua. Segundo o geocientista Stephen Meyers, professor da Universidade de Wisconsin-Madison, esse efeito fará com que os dias se tornem mais longos ao longo dos próximos milhões de anos — podendo chegar a 25 horas em cerca de 200 milhões de anos.
Desde 2020, no entanto, a Terra tem batido sucessivos recordes de dias mais curtos. Em 30 de junho de 2022, por exemplo, o planeta completou sua rotação 1,59 milissegundos mais rápido que o normal. Em 2023, esse ritmo diminuiu. Já em 2024, voltou a acelerar, com diversos dias superando os recordes anteriores.
Pesquisadores investigam causas como mudanças nos ventos, correntes oceânicas e deslocamento de massas, além da movimentação de camadas líquidas no núcleo terrestre. Segundo o geofísico Richard Holme, da Universidade de Liverpool, a distribuição desigual de terras entre os hemisférios também pode ter impacto.
No verão do Hemisfério Norte, por exemplo, o crescimento das folhas nas árvores desloca massa do solo para regiões mais distantes do eixo de rotação — um efeito semelhante ao de um patinador que acelera ao contrair os braços para perto do corpo.
Atualmente, o mundo segue o Tempo Universal Coordenado (UTC), ajustado ocasionalmente com “segundos bissextos” para compensar variações. Caso a aceleração da Terra continue, os cientistas cogitam, pela primeira vez, remover um segundo — criando o chamado “segundo bissexto negativo”.