Milionário que luta contra o tempo: rotina extrema para “voltar aos 18” gera polêmica
Empresário norte-americano segue plano rigoroso para rejuvenescer o corpo, mas métodos são criticados por médicos e ex-colaboradores denunciam práticas abusivas
O empresário norte-americano Bryan Johnson, de 47 anos, voltou a chamar atenção da mídia e do público por sua rotina radical em busca de juventude eterna. Criador do chamado Blueprint, um protocolo de longevidade que combina tecnologia, restrições extremas e dezenas de suplementos diários, Johnson afirma que seu objetivo é fazer seu corpo operar como o de um jovem de 18 anos.
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Com patrimônio estimado em US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões), Johnson transformou sua própria casa em uma clínica de monitoramento contínuo, onde mede diariamente peso, qualidade do sono, índice de massa corporal, entre outros indicadores. A rotina é intensa: acorda às 4h30, dorme às 20h30, realiza sessões de sauna, recebe ondas de choque, usa um boné com luz vermelha para fortalecer o cabelo e faz sua última refeição às 11h.
Além disso, ele consome 54 comprimidos por dia e segue uma dieta vegana altamente controlada, com limite de 2.250 calorias e sem álcool, gordura ou açúcar. Parte do protocolo, que ele mesmo admitiu ser experimental, já incluiu práticas controversas como transfusão de plasma do filho — abandonada por não trazer resultados —, terapia hiperbárica e uso de anel peniano para combater disfunção erétil.
Métodos em xeque
Apesar da disciplina quase militar, os resultados do Blueprint são contestados. Johnson afirma ter reduzido sua idade biológica em 5,1 anos, mas estudos citados pelo The New York Times apontam que, entre 2022 e 2024, ele teria envelhecido biologicamente o equivalente a uma década.
O ex-médico do empresário, Oliver Zolman, pediu demissão do projeto alegando preocupações com os produtos vendidos pela marca Blueprint, como um azeite de oliva comercializado a US$ 35 (aproximadamente R$ 195). Uma pesquisa interna com 1.700 usuários revelou que mais de 60% relataram efeitos adversos, incluindo casos de pré-diabetes.
Médicos alertam que o uso simultâneo de dezenas de suplementos pode ser prejudicial e que dietas tão rígidas são difíceis de manter e pouco sustentáveis do ponto de vista clínico. Especialistas afirmam ainda que o culto à longevidade pode acabar gerando mais ansiedade e frustração do que benefícios reais à saúde.
Fama, negócios e processos
Bryan Johnson ficou conhecido em 2007 ao fundar a plataforma de pagamentos Braintree, vendida em 2013 ao PayPal por US$ 800 milhões. Hoje, lidera a empresa Kernel, focada em dispositivos para tratamentos neurológicos.
Mas sua busca pela imortalidade corporal não é a única fonte de manchetes. O empresário enfrentou uma batalha judicial com a ex-esposa, a cineasta Taryn Southern, diagnosticada com câncer. Ela o acusou de descumprir promessas financeiras e de manipulação emocional. Johnson venceu o processo e, posteriormente, processou a ex-companheira por violação de acordo de confidencialidade, vencendo novamente e obtendo indenização de US$ 584 mil.
Além dela, dois ex-funcionários denunciaram cláusulas abusivas em contratos da empresa, alegando violação de leis que protegem a liberdade de expressão dos trabalhadores.
Um culto moderno?
O plano de rejuvenescimento de Johnson virou tema do documentário Don’t Die (“Não morra”, em tradução livre), que acompanha sua rotina e apresenta a comunidade de seguidores que aderiram ao Blueprint como um verdadeiro estilo de vida — e que o próprio empresário já comparou a uma religião.
Apesar das críticas, Bryan Johnson continua compartilhando sua jornada com mais de 1,9 milhão de seguidores no Instagram e 1,7 milhão de inscritos no YouTube, onde cada nova etapa da sua obsessiva busca pela juventude é exibida como espetáculo público — entre promessas de longevidade e controvérsias que parecem estar longe de envelhecer.
