Onde havia lixo, agora há flores: servidor municipal faz a diferença em Conceição do Jacuípe
O que antes era um ponto crítico de descarte irregular de lixo, com pneus velhos, restos de carnes, animais mortos e presença constante de urubus e mau cheiro, agora se transformou em um belíssimo jardim. Graças à iniciativa do fiscal de limpeza pública, Edmilton Casaes, mais conhecido como Nem Casaes, e Fabiano dos Santos, um trecho da Rua João Hipólito de Azevedo, no fundo do antigo mercado de farinha, em Conceição do Jacuípe, ganhou nova vida com um projeto de paisagismo comunitário que vem despertando consciência ecológica e valorizando a vizinhança.
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“Esse local era horrível, jogavam de tudo aqui, até descarte de supermercado. Era cachorro, urubu, lixo pra todo lado”, relembra Nem Casaes, fiscal do município e trabalhador da área de limpeza urbana. Foi ele quem teve a ideia de criar o projeto Transformar, uma iniciativa que reaproveita pneus descartados para montar jardins em locais degradados e frequentemente usados como ponto de lixo.
A ideia surgiu após anos de frustração com a falta de conscientização da população. “A gente limpava e no outro dia estava tudo sujo de novo. Então eu pensei: se só conversar não adianta, vou fazer diferente. Começamos a plantar flores nos pneus, e o visual mudou. Aí o povo passou a olhar com outros olhos, passou a respeitar”, conta Nem.
A transformação teve o apoio de colegas de trabalho como Fabiano, Chiquito, Sérgio Barbosa e outros voluntários. Fabiano dos Santos, gari e morador da região, que ajudou Nem a colocar o plano em prática. “Levamos de 20 a 25 dias para mudar tudo. O maior desafio foi tampar os buracos das máquinas e limpar tudo, inclusive fezes de animais e até de gente. Mas fizemos com amor, de coração”, revela.
O impacto foi imediato. Moradores começaram a doar mudas e flores, e até se revezam para molhar as plantas. “Comprei um regador e deixei na casa de uma vizinha. Quando dá, venho também molhar. As pessoas começaram a se orgulhar daqui, tiram fotos, postam nos status… virou um ponto de referência”, diz Nem, emocionado.
Além da transformação estética, o jardim levou um impacto positivo no cotidiano da comunidade. “Tinha morador aqui que há anos não sentava na porta de casa por causa do mau cheiro. Hoje ele senta, respira um ar puro. Isso aqui virou uma terapia para muita gente”, afirma Fabiano.
Mais do que embelezar o local, o projeto Transformar busca provocar uma mudança de mentalidade sobre descarte de lixo e cuidado com o espaço público.
“Peço à população que não jogue lixo em qualquer lugar. Coloque no horário certo, na frente da sua casa. A cidade está desenvolvendo e precisa desenvolver com limpeza, com plantas, com saúde”, destaca Nem. “As crianças vão crescer melhor, sem mosquito, sem doença. E a beleza do lugar faz bem pra mente, pra alma.”
Segundo Nem Casaes, o projeto não vai parar por aí. Outros pontos críticos da cidade estão mapeados para receber intervenções semelhantes. “Esse aqui é só o começo. Queremos mostrar que com boa vontade, qualquer lugar pode ser transformado. E que todo mundo pode fazer sua parte.”
Fabiano deixa um recado importante: “Abrace esse lugar, traga uma planta, um copo de água. A planta é vida, é saúde. Cuidar do espaço onde a gente vive é amar a si mesmo.”
A comunidade agora colhe flores onde antes havia lixo. E o exemplo plantado ali floresce como símbolo de esperança e responsabilidade coletiva.
