Senso de humor pode desempatar disputa por vaga de emprego

A primeira entrevista de emprego do administrador Adriano Moura, 35 anos, foi em 1997 para uma vaga de office boy. Hoje, 16 anos e muitos processos seletivos depois, ele ocupa a função de supervisor de Trade Marketing Nacional do The Leadership Group. "Ocupo uma posição nacional por conta do meu bom humor. Não foi algo que estudei, mas sempre me ajudou a abrir portas".

Senso de humor foi o critério inusitado de desempate mais citado por dois mil recrutadores ouvidos pelo site de empregos Career Builder. Cerca de 27% dos profissionais de recursos humanos entrevistados afirmaram que, entre dois candidatos igualmente qualificados, escolheriam o que tivesse mais senso de humor. "A empresa não quer alguém que conte piadas o tempo todo, mas alguém positivo", explica Edineide Lima, gerente de estágio e novos talentos do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

Para o consultor da Oportunidade RH André Nagy, o senso de humor sinaliza que o candidato é criativo e que trabalha bem em grupo. "Não existe mais mercado  para pessoas introspectivas". Saindo da posição de candidato para a de patrão,  Moura diz ter ficado decepcionado com  candidatos que avaliou. "Falta, nas pessoas, iniciativa. Elas não surpreendem, não  são espontâneas".

Estudante de engenharia química, Leonardo Passos, 22, reconhece que tem dificuldade em processos seletivos. "Às vezes, não falo tanto. Não sei me expressar por introversão", diz Leonardo, que recentemente recebeu resposta negativa de empresa para qual se inscreveu. "O senso de humor é algo que tento trabalhar. Fiz um curso de oratória, porque tenho o conteúdo mas não consigo expor minhas ideias. E isso faz a diferença".

Moura chama  atenção, no entanto, que o senso de humor no ambiente de trabalho tem limites. "Não é uma palhaçada. Na minha equipe, a brincadeira é sempre em cima do trabalho. Nunca da vida pessoal". Nas entrevistas e dinâmicas de grupo, o senso de humor deve vir acompanhado do bom senso. "Tem uma linha tênue entre a pessoa com senso de humor e a pessoa extravagante, exagerada", alerta a gerente do IEL.

Fundamental é notar a abertura que o recrutador dá ao candidato.  Para Nagy, um bom recrutador é aquele que consegue quebrar o gelo e deixar o entrevistado à vontade, e um bom candidato é aquele que responde bem a este estímulo. A identificação entre recrutador e candidato foi, inclusive, o quarto fator de desempate mais citado na pesquisa do Career Builder.

O segundo fator é o envolvimento do candidato com a comunidade, apontado por 26% dos recrutadores. Ele é seguido pela vestimenta do candidato, identificação entre concorrente e recrutador e forma física, citados por 22%, 21% e 13% dos entrevistados, respectivamente. Saber novidades da cultura pop, atuar em mídias sociais e conhecer esportes também foram citados como fatores que pesam na balança e somaram 19% na pesquisa.

Quando foi entrevistada por Edineide, a estagiária do IEL Clara Silva nem imaginava que sua  atuação no projeto social Rotaratc, da  Rotary Club,  contaria tanto a seu favor. "Falei que faço parte dessa organização e acho que ela  se interessou, o que me deixou surpresa". A gerente do IEL conta que o trabalho comunitário de Clara foi o diferencial dela. "É muito importante o jovem saber que é responsável não só por sua vida profissional, mas pela sociedade também".

Quanto à avaliação da roupa usada pelo candidato na entrevista, Edineide explica que o critério não é o preço ou a formalidade da vestimenta. "É estar vestido de acordo com o processo". Ir de short e chinelo para entrevista para vaga de garçom não combina assim como não cabe ir de terno e gravata para seleção de vendedor de loja de artigos para jovens.

Conhecer esportes e cultura pop e ser atuante em redes sociais também pode ajudar o candidato a desempatar a disputa pela vaga. "As empresas hoje em dia estão muito preocupadas com inovação e querem saber se o candidato está antenado com o que há de novo", explica Edineide.

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