Histórias reais ensinam que não há limites para o amor de mãe

Mulheres de todas as idades costumam ser obrigadas a lidar com vários tipos de situações adversas. Hoje, um dia antes do tão esperado Dia das Mães, o DaquiDali conta para você a história de três mães que irão te emocionar e inspirar na hora de superar as dificuldades que podem surgir pelo caminho da maternidade.

 

Três é pouco

A história de amor de Flordelis dos Santos por suas crianças impressiona tanto que chegou a ser transformada no filme “Flordelis – Basta Uma Palavra para Mudar”, em 2009. Antes moradora da comunidade de Jacarezinho, no Rio de Janeiro, ela se tornou famosa na área por seu trabalho de evangelização para ajudar jovens e crianças ligadas às drogas e ao tráfico.

Durante um desses trabalhos, ela que já era mãe biológica de três crianças – e abrigava cinco crianças resgatadas do tráfico –, encontrou em um terreno baldio a pequena Rayane, de apenas 15 dias de vida. Algum tempo depois, a mãe da menininha também acolhida e, com ela a família cresceria ainda mais: amedrontada com um massacre na região da Central do Brasil, a garota levou à casa de Flor, como é conhecida, mais 37 crianças – sendo 14 delas bebês.

Apesar de contar que nunca havia sonhado com uma família grande, deu um lar a essas crianças e enfrentou problemas com a Justiça por conta de sua postura. “Olharam e viram que eu não tinha condições financeiras para criar tantos filhos, mas quis mostrar que era possível, independente de qualquer situação financeira. Família é indissolúvel”, declara Flordelis, que juntou seu próprio dinheiro com o de doações para vencer o desafio de dar um lar para seus filhos.

Vencida essa complicada etapa, Flor vive com o marido e 55 filhos em uma casa em Niteroi e mantém o Instituto Flordelis para ajudar outras crianças sem adotá-las. Na intimidade, no entanto, apesar das proporções, os problemas são como os de todas as famílias.  

Seus quatro filhos biológicos, por exemplo, chegaram a sentir ciúme do carinho da mãe pelos filhos adotivos. Flordelis conta, porém, que fez com que entendessem que as crianças não são concorrências, mas novos irmãos, amigos e companheiros para o resto da vida. “Nunca foi fácil, porque foram 55 filhos”, desabafa.

Com tantas pessoas e rotinas, o planejamento da casa precisa ser preciso. Então há escalas para o horário de acordar, horário dedicado aos estudos, a turma que já ajuda nas tarefas domésticas e até os mais velhos, que trabalham e ajudam no sustento dos demais. “Acredito que nós devemos administrar nosso tempo, e eu consegui focar isso na minha mente, para que não abrisse mão do meu casamento, do meu trabalho ou da minha vida com deus”, diz ela.

Se há dificuldades em uma família tão grande, as alegrias também são muitas, como curtir a personalidade de cada um dos filhos ou suas conquistas. “Cada faixa etária é uma magia muito grande. Cada idade tem seu encanto. Mas a primeira palavra pronunciada, o primeiro passo, o primeiro sorriso é uma alegria incomparável. Assim como na adolescência, quando você vê as meninas virando mocinhas e os filhos virando mocinhos, descobrindo a vida, é lindo”, conta.

Para as futuras mamães que querem adotar, o conselho de mãe é não deixar a burocracia impedir o sonho. “A adoção no país é muito difícil, porque a burocracia é muito grande. E eu quero dizer a essas famílias que, mesmo com essa dificuldade, não desistam. Porque é uma criança que precisa de uma família, de um pai e uma mãe, um abrigo. Quando você desiste, você tira isso dessa criança. Foram longas esperas para ter o registro dos meus filhos na minha mão. Era a realização de um sonho e por isso eu digo a essas mães que não desistam”, finaliza..

Até o fim

A emocionante trajetória de Josiany Eccel começa em sua gravidez. Durante o ultrassom pré-natal, o médico descobriu que Matheus tinha uma má formação nos rins, mas não sabia ao certo qual era o problema. Pouco demais, descobriram nos exames que o bebê, com oito meses na época, tinha também uma cardiopatia.

Devido à complexidade da cirurgia necessária, ela conta que muitos médicos não queriam aceitar o caso. “A cirurgia cardíaca foi em Curitiba. Eu dormia com ele debaixo do meu braço, cuidando o tempo todo, 24 horas. No começo eu não dormia direito, não comia direito, minha mãe se preocupava com ele e comigo”, diz Josiany.

Apesar da má formação nos rins ser detectada antes mesmo do parto, as complicações surgiram apenas aos nove anos de Matheus. “Quando falaram que o transplante era uma opção, eu, o pai dele e a tia fizemos o exame de compatibilidade. Quando o meu deu 100%, decidi que ia ser o meu rim e não teve mais jeito. Dei meu rim para o Matheus sem pensar duas vezes”, conta.

Foi, por motivos óbvios, uma experiência no mínimo intensa. “Chorava o tempo todo, me deu até uma vertigem no hospital, uma alergia do medo e tive até que tomar calmante. Ver meu filho cheio de sondas me desesperava muito. Eles queriam que eu fosse embora, mas eu pedi para ficar, nem que tivesse que pagar a mais. Precisava cuidar do meu filho”, diz Josiany.

O processo de recuperação também foi difícil, tanto que o garoto precisou de diversos medicamentos para o coração e para os rins. A quantidade de remédios acarretou prejuízos para o estômago e, depois, por conta da falta de exercícios físicos, Matheus desenvolveu problemas nos ossos. A fisioterapia ajudou nesse novo desafio. “Foi bem sofrido, mas sou apaixonada por ele e eu acho que ele também, porque ele é supercarinhoso. E eu sinto que ele é grato por tudo que eu fiz”, conta.

Para mães que enfrentam a doença dos filhos, Josiany tem um conselho: “é não desistir, porque vai dar tudo certo. A gente não carrega nada que não consegue, então tem sempre que ficar sempre forte e firme”.

Nunca desista

Luciana Misura sempre quis ser mãe e, inclusive, já sabia o nome da filha desde a adolescência: Júlia. “Quando casei já tinha combinado com o marido que a gente ia esperar uns dois anos antes de começar a tentar. Eu não via a hora, queria ter meus filhos nova, planejava ter dois antes dos 30”, conta. Depois de muitos nos tomando pílula, a primeira gravidez veio como um sonho se tornando realidade. “Era um pouco antes do Natal, contamos pra família toda, foi uma festa”. Antes mesmo de completar dois trimestres,contudo, chegou uma triste notícia. “Sabia que abortos espontâneos são comuns, minha mãe mesmo perdeu um bebê quando eu era criança, mas fiquei com uma sensação de que tinha algo errado e que não ia ser tão simples”, conta.

Ainda assim, nunca pensou em desistir. “O segundo aborto foi completamente diferente, até demorou muito a acontecer”, conta Luciana. “Foi muito angustiante, mas grande parte do problema foi por causa da incapacidade da médica de se comunicar, de mostrar pra mim por que aquilo realmente era um aborto. Foi um sofrimento que poderia ter sido evitado”, completa.

Luciana mora nos Estados Unidos, onde apenas depois do terceiro aborto espontâneo são feitos exames para investigar o motivo da recorrente perda dos bebês. “Depois do terceiro aborto eu já estava arrancando os cabelos, mas pelo menos eu estava esperançosa por finalmente poder fazer todos os testes possíveis e quem sabe descobrir um motivo pra tudo isso. Não demorou e isso em si foi bom por motivos óbvios, mas muito frustrante também. Um exame bobo que durou cinco minutos no consultório descobriu o meu septo uterino. Por que um exame tão simples não foi oferecido logo depois do primeiro aborto?”, desabafa a, agora, mãe de dois filhos.

Feita a cirurgia para corrigir o septo, veio a quarta gravidez e, nove meses depois, a Júlia chegou. Quando ouviu o coração da filha no exame pré-natal, ela conta que teve as energias e esperanças renovadas: “Não digo que compensou, mas foi um momento de muito alívio e esperança, foi quando comecei a realmente acreditar que podia dar certo, que estávamos em um caminho certo pela primeira vez depois de todos os problemas”. Luciana enfrentou mais um aborto depois disso, dessa vez por questões genéticas, mas logo engravidou novamente, dessa vez de um menino, Eric.

Se seu sonho é ser mãe, mas você enfrenta problemas, Luciana aconselha: “siga o seu coração, não importa o que as pessoas digam, só a gente sabe o que está passando e o que precisa fazer. Meu marido foi obviamente a pessoa mais importante nessa jornada, sofremos juntos, torcemos juntos, celebramos juntos. Mas mesmo quando eu não acreditava mais em nada, o coração mandava seguir em frente. Ninguém sabe a força que tem, o quanto aguenta, até ter que passar por uma situação difícil. Então o negócio é continuar seguindo o sonho até o seu limite pessoal, e não o que as pessoas acham que deveria ser”.

Publicada no dia 11 de maio de 2014, às 09h53

 

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