Sem ataques pessoais, desvio na Petrobras predomina debate na Rede Record

 

O debate da TV Record deste domingo (19) entre os candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), elevou o nível da discussão, deixou de lado os ataques pessoais dos últimos encontros e privilegiou as propostas de governo para os próximos quatro anos do País.

Os casos de corrupção na Petrobras, o comportamento da inflação do País e o programa de educação profissional do governo federal (Pronatec), porém, persistiram no debate. Sobre a Petrobras, Dilma Rousseff voltou a admitir que “há indícios de desvio de dinheiro, mas ninguém sabe quanto foi e quem foi”.

— Isso é muito importante porque a parte que o senhor devia me cumprimentar você esqueceu. Eu disse que eu ia investigar […]. Sou a favor da punição, doa a quem doer. E sou contra arquivamento.

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Em seguida, a presidente provocou Aécio ao dizer que supostos casos de corrupção do governo do PSDB nunca foram investigados e destacou que, em seu governo, mandou apurar as denúncias de desvio de dinheiro. Como resposta, Aécio falou de governança e criticou a postura de Dilma.

— Quero voltar a governança. Como essas coisas podiam acontecer de forma tão sistêmica? Isso é grave […]. Mais uma vez a senhora não mandou investigar. Isso pode acontecer em alguns países, mas não no Brasil. Quem investiga são as instituições. São elas que investigam.

Em relação ao Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), uma das principais bandeiras da presidente para chegar à reeleição, Aécio disse que o projeto “não vem sendo administrado como deveria”.

— As pessoas se matriculam, saem alguns dias depois, mas continuam nas estatísticas de seu governo.

Poucos minutos antes, a presidente disse que sentia “orgulho” do programa, já que ergueu 218 escolas técnicas além das 214 construídas no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e disparou contra o tucano: “Vocês proibiram o governo federal de construir escolas técnicas, o que foi revogado pelo Lula”.

A declaração de Aécio sobre o Pronatec teve origem depois de reportagem do jornal Folha de S.Paulo deste domingo, que, com base em relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), aponta falhas no acompanhamento dos alunos matriculados no programa.

Segundo a reportagem, não é possível precisar quantos são os estudantes desistentes e se o repasse de recursos continua sendo feito às instituições parceiras. Mais cedo, a presidente afirmou que o relatório mostra apenas que é preciso “aperfeiçoar a fiscalização”.

Infraestrutura

Dilma destacou as obras de infraestrutura que o País vem tocando, como as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e a ampliação de linhas de transmissão de eletricidade. A presidente disse que "nos meus quatro anos, eu fiz o mesmo que vocês fizeram em oito no governo FHC e duas vezes mais do que vocês fizeram em linha de transmissão".

— Esse é um dos motivos que a gente não tem racionamento de energia.

Aécio, por outro lado, criticou o andamento dos empreendimentos do governo Dilma: "Infelizmente, os nordestinos não receberam uma gota d’água da transposição [do rio São Francisco] que deveria ter ficado pronta quatro anos atrás. A Transnordestina está no meio do caminho, basta andar pelo Brasil. O marco regulatório do setor ferroviário sequer foi aprovado. As hidrovias anunciadas estão paralisadas, no papel. A senhora anunciou o famoso trem-bala e gastou cerca de R$ 2 bilhões do dinheiro dos brasileiros e ninguém sabe onde foi nem para onde foi".

— A maioria das obras do seu governo está no meio do caminho e, mais grave, com sobrepreço.

Considerações finais

Nas considerações finais, os candidatos destacaram que há dois projetos para governar o Brasil e cada um defendeu suas candidaturas. Dilma Rousseff, a primeira a falar, destacou o que fez pelo País e pediu o voto dos eleitores.

— Quero te dizer que nós estaremos juntos fazendo com que o Brasil cresça mais. Humildemente, eu peço seu voto.

Aécio Neves, que chegou a ser vaiado pela plateia antes de começar a falar, declarou que a atual presidente se contenta em comparar o presente com o passado e disse que sua proposta é pensar no futuro do País. 

— Sou candidato para mudar de verdade o Brasil e não apenas em um slogan. Assumo as responsabilidades de assumir essas mudanças.

 
 
 
Publicada no dia 20 de outubro, às 00h04
 
 

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