Para os garanhões de plantão! Teodoro Sampaio tem muito mais mulheres do que homens
Entre as moradoras do município de Teodoro Sampaio, no Centro-Norte do estado, é bem difícil encontrar alguma que considere a vida um paraíso. Para elas, falta emprego, segurança, infraestrutura… e homem. E não é apenas uma sensação. Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atestam: em Teodoro Sampaio, seis em cada dez mulheres (58,5%) com mais de 18 anos não convivem com um cônjuge (seja em um casamento formal ou não), o que coloca a cidade, de 8 mil habitantes, no topo do ranking baiano da solteirice feminina.
O resultado é maior do que a média da Bahia (45,13%) e bem distante da realidade do município de Luis Eduardo Magalhães, no Extremo–Oeste, onde apenas 27,02% das moças não encontraram um amor para chamar de seu.
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Uma das razões da liderança de Teodoro Sampaio está bem clara nos números: o município tem mais mulheres do que homens. Lá, de acordo com o Censo de 2010, existiam apenas 89 homens para cada 100 mulheres. Em 2000, a situação era um pouco mais equilibrada, porque eram 94 rapazes para cada 100 moças.
“A nupcialidade tem uma razão muito direta com a razão de sexos, porque a gente está falando dessa disponibilidade numericamente favorável dos homens. Quando eles são poucos e elas são muitas, é natural que o número de solteiras seja maior”, explica o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues.
Casamento
Só que isso não quer dizer que as moças de lá não queiram casar (nem que queiram). De acordo com o juiz da comarca da cidade, que também atende o município de Terra Nova, Marcelo Lagrota, os homens de Teodoro Sampaio costumam sair da cidade em busca de emprego.
“Todos os meses, eu faço casamentos lá. Homem é que está um pouco difícil, porque eles saem em busca de oportunidades no mercado de trabalho, enquanto elas ficam numa situação mais conservadora. Hoje, a cidade é quase dormitório”, argumenta.
A média de enlaces fica em torno de 40 por ano, segundo o padre local, Márcio Andrade. “É uma cidade muito envelhecida, porque os jovens saem para trabalhar muito cedo. Tem cidades grandes próximas: Salvador (100 km) e Feira de Santana (46 km) e Conceição do Jacuípe (24 km), então eles não ficam aqui”.
Ou seja: os homens crescem e saem de Teodoro Sampaio deixando as mulheres teodorenses para trás. “É um município pequeno, com economia fraca. Por isso, as pessoas são forçadas a emigrar. No entanto, historicamente, as mulheres preferem ficar perto de suas casas”, diz Joilson Rodrigues, do IBGE.
Atrativos De fato, Teodoro Sampaio não é município lá muito atraente para jovens. O comércio, por exemplo, fica praticamente restrito a uma praça principal, onde também fica o fórum e uma agência bancária. E a vida noturna?
Na casa de Patrícia, tanto ela quanto a filha, Valéria, são solteiras
“O point é a pracinha, mas quem vai é todo mundo que a gente já conhece. Não tem gente nova”, diz Valéria, a filha de Patrícia.
A administradora Daniela Barros, 30, também não sai muito. “Não tem atrativos aqui, lugares para sair ou para ter alguma diversão, então a gente fica em casa mesmo ou vai para alguma outra cidade que tenha”.
E, claro, tem aquelas que são solteiras por razões, digamos, mais universais. “É difícil achar alguém que a gente goste. Às vezes, é uma pessoa legal, mas não bate a química, ou é alguém mulherengo”, pondera a auxiliar administrativa Nívia Roseiro, 41.
E, para completar, vem a dificuldade de encontrar alguém da mesma faixa etária com os mesmos interesses. A amiga dela, Neide Freire, 46, diz que sofre com isso. “E, como sou cristã, é difícil encontrar alguém que tenha a mesma fé”, explica.
Cuide bem
Com tanta mulher, a concorrência também é alta. Por isso, as comprometidas costumam fechar o cerco, segundo as solteiras. “Quem tem o seu trata de guardar, porque se perder vai ser difícil achar outro”, brinca a manicure Juliana Souza, 21.
E quem não tem pode tentar resolver o problema pedindo ajuda e fazendo muita promessa para Santo Antônio, o casamenteiro, ou tomando medidas extremas – como viajar quase 900 km em direção ao lugar onde a realidade é o oposto. Em Luis Eduardo Magalhães, que fica quase na divisa com o estado do Tocantins, uma coisa é certa: a proporção de homens é de 112 para cada 100 mulheres.
Depois que ficou sabendo disso, a assistente social Marilena Alves já até se animou. “Aqui, em Teodoro, já perdi as esperanças. Mas acho que é para essa cidade aí, Luis Eduardo, que a gente tem que ir”. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas, em todo caso, boa viagem e boa sorte.
Salvador tem 83 homens para cada 100 mulheres
Em Salvador, a coisa também não está fácil para ninguém. A capital tem a pior proporção da Bahia entre homens e mulheres: são 83 rapazes para cada 100 moças. Além disso, Salvador ocupa o 8º lugar no ranking das cidades baianas com o maior número de moças solteiras (53,24% das mulheres com 18 anos ou mais não vivem com cônjuge). “A solteirice de Salvador provavelmente tem a ver com a baixa disponibilidade de homens. Além disso, na capital, é mais comum que as pessoas tenham relações menos formais”, explica o coordenador de disseminações do IBGE, Joilson Rodrigues.
Por isso, a estudante de Arquitetura Carina Macêdo, 22 anos, nunca encontrou alguém com quem tivesse vontade de ter uma relação mais séria. “Nós temos uma vida corrida e acabamos não tendo uma relação mais profunda com as pessoas. E ficou disseminado entre os jovens isso de não ter compromisso. Parece que o bom é só ficar e o namoro é quase algo pejorativo”.
Luis Eduardo Magalhães: o reino das comprometidas
Enquanto Teodoro Sampaio ganha pela solteirice, no município de Luis Eduardo Magalhães, no Extremo-Oeste do estado, acontece o contrário. Lá, a maior parte das mulheres está bem comprometida. Segundo o IBGE, apenas 27,02% das moças que moram na cidade, fundada em 2000, não vivem com cônjuge.
A proporção entre homens e mulheres também ajuda a entender: são 112 rapazes para cada 100 moças. Além disso, de acordo com o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues, o município ainda é uma área de dominância masculina. “Por ser um município em expansão, é mais comum que as mulheres que vão para lá cheguem com a família. E também tem uma cultura agrícola muito forte, ainda que tecnológica”, explica.
Assim, diante de um cenário onde as mulheres estão em menos quantidade, os homens podem querer garantir o compromisso. “As mulheres ainda não conseguiram um grau de equilíbrio, em termos númericos, naquele ambiente. Por isso, eles podem pensar, ‘ah, deixa logo garantir a minha’. Quando há um equilíbrio maior entre a razão de sexos, isso vai mudando”, diz Joilson.
Assim, quem estiver desejosa de casar já deve conhecer o canal. Pelo menos é o que diz a empresária Dávila Pimentel, 30 anos, que mora na cidade há três e está comprometida há dois anos e meio. “Aqui é o lugar, porque não tem muita opção de entretenimento, então todo mundo acaba namorando”, aconselha. Ela sabe o que diz: está de casamento marcado para o final de 2015. Além disso, Dávila garante que os homens são maioria por lá. “Tem restaurante que você fica até com vergonha de entrar, porque só tem homem. E tudo homem bonito, viu? Nas baladas, tem pouquíssimas mulheres”.
Mas, mesmo com a concorrência pequena e a baixa taxa de solteirice, não quer dizer que a conquista seja fácil. “Claro que tem aqueles que não querem compromisso, especialmente porque alguns estão só passando temporada”.
Depois de Teodoro Sampaio, as outras campeãs de solteirice…
2 São Félix, no Recôncavo baiano, tem 55,19% de mulheres com mais de 18 anos que não vivem com cônjuge.
3 Cruz das Almas, também no Recôncavo, tem 54,7%. Na proporção, são 84 homens para 100 mulheres, atrás só de Salvador.
4 Anguera, no Centro-Norte, 54,38% das mulheres não têm companheiro. São 92 homens para 100 moças.
5 Castro Alves, no Recôncavo da Bahia, tem um índice de 54,24%. Lá, tem 89 homens para cada 100 mulheres.
6 Terra Nova, também do Recôncavo, tem 89 homens para 100 mulheres. O índice de solteirice é de 54,15.
Publicada no dia 28 de dezembro, às 09h32