Brasil faz história no Oscar 2024 com o filme ‘Ainda Estou Aqui’

O cinema brasileiro conquistou uma vitória histórica na noite deste domingo (3) durante a 97ª edição do Oscar, realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos. O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, venceu na categoria de Melhor Filme Internacional, tornando-se a primeira produção brasileira a receber essa estatueta.
A obra superou concorrentes de peso, como “Emilia Pérez” (França), “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha), “A Garota da Agulha” (Dinamarca) e “Flow” (Letônia). Em seu discurso de agradecimento, Walter Salles dedicou o prêmio a Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar brasileira. O cineasta também ressaltou o trabalho das atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, destacando a importância da memória histórica retratada no filme.
Apesar da conquista histórica, “Ainda Estou Aqui” também concorreu na categoria de Melhor Filme, mas o grande vencedor da noite foi “Anora”, que levou cinco estatuetas, incluindo Melhor Direção para Sean Baker. Fernanda Torres, indicada a Melhor Atriz, também não levou o prêmio, que ficou com Mikey Madison, por “Anora”. Mesmo assim, Torres entra para a história ao repetir a indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, que disputou a mesma categoria em 1999.
Clima de festa pelo Brasil
A coincidência entre a cerimônia do Oscar e o carnaval brasileiro criou um ambiente de celebração digna de Copa do Mundo. Foliões em todo o país exibiram máscaras de Fernanda Torres e Selton Mello (intérprete de Rubens Paiva), além de fantasias inspiradas na estatueta dourada. Até um boneco gigante de Olinda em homenagem ao Oscar foi visto nas ruas.
O filme, baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice, já figurava entre os mais vendidos antes da premiação. A história ganhou ainda mais relevância após a Justiça brasileira determinar, em janeiro deste ano, a retificação da certidão de óbito do ex-deputado, que passou a registrar oficialmente que ele foi morto de forma violenta pelo Estado brasileiro.
Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) está analisando a possível revisão da Lei da Anistia para crimes de sequestro e cárcere privado cometidos durante a ditadura, reforçando a atualidade e relevância do tema abordado no filme.
Confira os vencedores das principais categorias:
- Melhor Filme Internacional: “Ainda Estou Aqui”
- Melhor Filme: “Anora”
- Melhor Direção: Sean Baker (“Anora”)
- Melhor Atriz: Mikey Madison (“Anora”)
- Melhor Ator: Adrien Brody (“O Brutalista”)
- Melhor Roteiro Original: “Anora”
- Melhor Roteiro Adaptado: “Conclave”
- Melhor Edição: “Anora”
- Melhor Fotografia: “O Brutalista”
- Melhor Documentário: “No Other Land”
- Melhor Animação: “Flow”
- Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais: “Duna: Parte 2”
O reconhecimento de “Ainda Estou Aqui” marca um momento histórico para o cinema nacional, impulsionando a visibilidade internacional do Brasil na sétima arte.